quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Vamos lá a estrear o serviço novo da escola

Na reunião do arranque escolar soube que a escola iria ter enfermeiro na enfermaria a tempo inteiro. Pensei: "Boa ideia!". Mal sabia eu...
Hoje estava a almoçar com a minha amiga M quando recebo uma chamada da escola em que a conversa começa assim: "Boa tarde, daqui fala o enfermeiro X e gostaria de falar com a Mãe do I.". Num espaço de segundos ainda pensei: "Ena, até estão a fazer um contacto pessoal aos pais para explicar como vai funcionar o serviço". Mas ainda antes de ele continuar ocorreu-me que isso era um absurdo e preparei-me logo para as novas que viriam a seguir. Ora o I caiu no recreio e ficou a chorar agarrado ao braço direito a dizer que lhe doía muito. Já tinham dado Ben-U-Ron, e feito um despiste à coisa. Na opinião do enfermeiro X ele estava "muito relutante em utilizar o braço" e apesar de ele achar que o braço não estaria partido seria aconselhável ser visto por um médico. De momento estava lá sossegado a fazer gelo, mas sem mexer o braço. Lá almoçamos semi-a-correr e eu já a pensar que lá se iam as próximas semanas de aprendizagem. Teria que ir para as aulas de braço ao peito. Deixei a M no trabalho e lá fui ter com o meu I que me recebeu com aquela cara de sofredor-altamente-corajoso-pronto-para-amputar-o-braço. O enfermeiro explicou-me tudo direitinho (nota 10 para o novo serviço da escola!) e lá fui com o lesionado que aproveitou logo para pedir colo, regalia perdida há algum tempo (o rapazito ja tem 21 kg!!!). Eu bem que lhe mostrei os meus sapatos com salto de mais de 10 cms (compensados como é óbvio), mas nada o demoveu. Fazia aquela cara, gemia um pouco, semicerrava os olhos e deixava cair ligeiramente a cabecita para trás (quem é mãe conhece o truque). E eu coração-mole-de-mãe, mesmo com saltos altos peguei nele ao colo e lá fomos. Chegados ao Hospital (ao colo) perguntou logo:"Oh, Mãe este é aquele Hospital que tem uma sala com televisão no canal Panda, não é? Podemos ir para essa sala?". Eu, Mãe cheia de truques, retorqui:"É, filhote, mas só quem chega a andar a pé é que pode ir para essa sala, os outros meninos têm de ir para outra lá ao lado e acho que essa não tem televisão. Não achas melhor ir para o chão?". Responde-me ele:"Hum, está bem, mas ainda estamos longe lá da entrada, anda, anda e mesmo quando estivermos a entrar onde eles nos vão ver é que me pões no chão." MANHOSO! E lá tive que o levar ao colo. Resumindo. A médica achou melhor tirar raio X porque parecia fractura do rádio. Viu-se que afinal não havia nenhum osso partido e então ela pediu-lhe para apalpar novamente o braço e, traz! deu-lhe lá uns puxões, já com a enfermeira a segurá-lo por trás. Haviam de ver a gritaria dele, eu só lhe dizia "respira, I, respira!" Que com a dor ele já estava a fazer aquela coisa de "prender o choro".  A médica mandou aguardar perto de 30 mins para ver se conseguia voltar a mexer o braço e ele nada, não o mexia. Mais medicamentos para as dores e a médica que andava sempre ali a rondá-lo pediu para ver o braço novamente. E aquele rapaz que é realmente crente nos médicos e na medicina lá lhe entregou o braço perante o meu espanto, mesmo após aquilo que ela lhe tinha feito. Novo puxão e novo grito e choro, mas aí ela disse logo que tinha sentido o cotovelo a encaixar que já estava tudo OK. Mas qual quê, quem é que o convencia a mexer o braço e utilizar a mão. Dizia que iria doer e não queria mexer nada. Mas perguntou várias vezes quando é que a Dra punha aquela coisa no braço para ele usar e mostrar aos amigos. Mãe cheia de truques em acção novamente:"A Dra não pode por-te isso aí no braço porque tu não consegues dobrar o braço e assim não dá para pôr. Eu depois ponho-te um lenço meu lá em casa". Suspirou e disse:"Um lenço teu?! Está bem... Vou tentar...". Inspirou fundo como se fosse mergulhar para debaixo de água por uns bons minutos e mexeu logo o braço. Olhou espantado para o braço e gritou:"Já funciona outra vez! E não doí!". A Dra. virou-se para a enfermeira e disse:"Um lenço da mãe não tem jeito nenhum, traga lá isso para o menino levar o braço ao peito." e piscou-me o olho. O I vinha com um sorriso enorme que não se continha de orgulho de vir com o braço ao peito e por ele ia direitinho para a escola para mostrar aos amiguinhos. Tive que tirar logo foto para a prosperidade, mas já sabem como sou por questões de segurança, bla,bla e tal, não a ponho aqui.

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