Filosofar com Alma

O H. iniciou uma conversa deveras filosófica ao jantar. Daquelas que me deixam a olhar para ele e a pensar onde é que ele vai buscar esses raciocínios. Vou tentar transcrever (deixei-o fazer a sua exposição até ele pedir a minha opinião)

H: "Mãe, tenho uma coisa que gostaria de falar contigo. O que é que acontece à nossa mente quando o nosso corpo morre? Porque se os nossos orgãos morrem devido a algo, nós continuamos a ter uma mente que não é um orgão. Esta mente vai viver para o corpo de outra pessoa que acabou de nascer nalgum sítio? Mas como quando nascemos não sabemos nada, a nossa mente deve viver noutro corpo, mas não se lembra de nada da nossa vida, não é? O que achas, Mãe?"

Eu: "Euh... Mas achas que a mente não morre com o nosso corpo?"

H: "Acho que não, Mãe. A nossa mente é assim a nossa alma, sabes? A Alma é uma coisa que não tem nada a ver com o nosso corpo. Quer dizer, está no nosso corpo enquanto ele está vivo, mas não quero acreditar que tudo o que pensamos a vida toda, a nossa mente, a nossa alma morre. Não pode ser! Tem que passar para outro corpo."

(pequeno pormenor: H. fez 9 há pouco tempo e não, não vai à catequese)

Eu: "H., isto da alma ir para outro corpo ou morrer ao mesmo tempo que o nosso corpo é algo que não conseguimos provar, sabes. Os cientistas não conseguem provar isto, então há pessoas que acreditam que a alma volta a viver noutros corpos, ou noutros sítios e outras pessoas não."

H:"Pois, eu quero acreditar que a minha alma vai viver noutra criança."

Eu:"Então e onde é que andaste a discutir este assunto? Foi na escola, com a D. ou com os amigos? Ou viste na Televisão?"

H:"Não, Mãe, foi eu que comecei a pensar nisso à bocadinho. Sabes quando vou à casa de banho penso às vezes na vida e pensei nisto. Ah! E também pensei que estou muito orgulhoso da minha vida. É uma vida fixe."


Confesso que não consegui acrescentar mais nada à conversa porque fiquei com um nó na garganta.