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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Tristesas matinais


Viver melhor não é sinónimo de ter mais dinheiro, pelo menos quando estão garantidas as necessidades mínimas (mas mesmo as mínimas, não são as necessidades do bico da pirâmide de Maslow). Eu acredito que viver melhor é uma forma de estar, uma forma de ser reavaliada continuamente. Quando vejo pessoas pela manhã a deixar os filhos na escola já com caras de enterro fico triste. Triste, porque devem ter lá os seus problemas, mas sobretudo triste quando são as mesmas pessoas com as ditas caras de enterro todos os dias do ano. Para mim isso já é uma forma de estar. A não ser para a morte e algumas doenças muito graves, para tudo há remédio. Nem que seja assumir que remediado está e tirar o melhor partido do que pode restar da vida noutros campos. Dizem que é uma capacidade genética e que nem todos conseguimos e que o ADN português tem o fado lá gravado e a tendência para a comiseração. E tentar dar a volta, não? Porque se as coisas más, chatas, tristes, inevitáveis fazem parte da nossa vida e livrarmo-nos de algumas não depende de nós. A forma como as encaramos e o esforço que fazemos para preencher o resto da nossa vida com coisas boas, pequenos momentos de felicidade, sorrisos, apenas depende de nós. É difícil, não? Pois, mas é preciso nos recordarmos que difícil não é viver, difícil é saber viver. E este saber pode ser trabalhado, potenciado, enriquecido todos os dias.

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