sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Dos saltos que temos que dar...


(Aviso já que é um post longo. Desceu em mim uma imensa inspiração...)

Há alturas em que nos apercebemos que estamos a fechar um ciclo. O próprio facto de nos apercebermos que estamos a fechar um ciclo quer dizer que ele já está a fechar há algum tempo. As portas estão mesmo a fechar. Existe apenas uma fresta por onde passar e pouco tempo para ter a certeza que nesta passagem não deixemos roupa presa nessa porta. Que saímos inteiros do outro lado. Com uma nova perspectiva de vida. Eu gosto de acreditar sempre numa perspectiva da evolução. Num andar para a frente. Num crescimento da nossa forma de estar, do nosso EU como pessoas. Num enriquecimento da nossa vida, quer pessoalmente, quer possivelmente a nível profissional; nas relações que nos rodeiam. Acredito muito no crescimento do nosso SER. Um pouca à imagem do que muitos acreditam ser a nossa alma. Gosto de acreditar que este crescimento é sempre algo de positivo, ponderado, muito pesado. Quando conseguimos perceber que há abertura para um crescimento positivo devemos transpor essa porta. 

Essa fase não deixa de ser uma fase muito conturbada, emotiva, em que temos de pôr em causa muita coisa, nós próprios e por vezes quem nos rodeia; as nossas verdades, assumidas como verdadeiras porque nos foram impostas de alguma forma, assumidas como verdadeiras com base nas nossas experiências. Temos de ter atenção que este transpor de portas não nos distancie demasiado do nosso EU actual. Senão a rotura pode ser demasiado grande. A rotura connosco próprias, com a nossa realidade, com quem nos rodeia. O que pessoalmente me deixa sempre um pouco assustada, mas não deixo sempre de ponderá-la em todas as suas vertentes. O reconhecimento dessa rotura é o caminho para conseguir minimizar os impactos da mesma ou até conseguir que não haja rotura de todo, ficando apenas a mudança. Temos de conseguir dar estes saltos e não ter medo.

Há que saber também quando o fecho deste ciclo não é nosso, mas sim de quem nos rodeia. Com as crianças há normalmente muitos fechos de ciclos, todos eles com um aspecto evolutivo e na maioria conturbados. Elas crescem, formam a sua personalidade, ganham gostos próprios, mais apurados. definem-se como crianças, como entidades únicas e cada vez mais independentes. Muitas vezes com base na família, outras nem por isso - com base em quem os rodeia. Aí, como pais, surge sempre a dúvida, aquele medo. Pequenos medos: será que não estão a ser influenciados em demasia pelos valores de quem os rodeia em detrimento dos valores da família? O que nem sempre é algo mau, pois os valores de quem os rodeiam podem ser bons e complementares aos familiares, trazendo novidade à sua forma de ver a vida. Eu própria reconheço que quando era mais nova aprendi muito com as pessoas que me rodeavam. Amigos, familiares de amigos, professores que me marcaram mais, com a maioria das pessoas com que contactei. Algumas delas até contactei muito pouco, mas tinham factores, características muito marcantes que me faziam ponderar sobre determinados assuntos e Crescer. Basicamente é essa a palavra que me ocorre. Um crescimento muito positivo. Bem que por vezes parece que andei e andei para a frente, e mais tarde há uma fase da minha vida em que tenho necessidade de voltar às raízes. Dar uns passos atrás. Acho que acaba por ser um reajuste necessário.

A pessoa dá umas grandes passadas à frente. Necessitou de fazer uma rotura com algo, consigo própria, com os seus preconceitos, com as suas ideias pré-concebidas. Até com realidades com as quais vai contactando e que nunca tinha contacto antes. Porventura quando sente que passou por toda aquela nova experiência, por todo aquele novo conhecimento, que abarcou todos os novos conceitos precisa de arrumá-los no seu EU, no seu SER intrínseco, na sua vida. Depois há o pôr tudo em causa e o voltar às raízes, que é um pouco fazer "tábua rasa" e reconstruir utilizando os mesmos tijolos que já tínhamos à nossa mercê. Alguns são descartados, outros vão ser reutilizados, no fundo porque temos, acredito, sempre a necessidade de nos apoiarmos em pilares que já existiam anteriormente. 

Ou seja, não devemos deixar de dar os saltos, mas é preciso voltar atrás para achar qual é o melhor lugar para cada coisa, porque há um core na nossa vida, uns pilares, que são estruturais, que nascem com a nossa pessoa. Quer seja no nascimento, biologicamente falando, quer seja ao longo daqueles primeiros anos que são fundamentais para a formação da nossa personalidade como pessoas  em si, com o assimilar das crenças, dos valores e de toda a educação familiar. 

Estes ciclos nalgumas alturas são frenéticos, qual roda de hamster. Noutras são mais profundos, mais demorados, mais reestruturantes. Alguma vez paramos? Acho que não. É algo contínuo, à la Sísifo, mas com um objectivo renovado e com um sentido evolutivo.


(uma salva de palmas a quem achou paciência para chegar até aqui!)

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