quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

David Bowie - um tesouro só meu.


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Pensei antes de vir escrever este post. A minha relação com Bowie é muito peculiar. Remete-me às minhas tardes na sala dos meus Pais. Deveria ter uns 13 anos. Naquela altura em que era tão difícil queimar tempo. Em que as tardes deeemmmooooraaaavaamm a passar. Nunca mais era amanhã. Naquelas tardes em que não tinha nenhum livro para ler (sempre a 1ª opção), nem amigos com quem estar (sempre a 2ª opção, salvo algumas excepções) e então só me restava ir ouvir música. Nos primórdios da gravação das cassetes descobri cassetes que andavam esquecidas nas gavetas da aparelhagem dos meus Pais. Os meus Pais por terem a maioria em discos, já não ligarem, não terem tempo para ouvirem, ou quererem me ocupar autorizavam-me a desgravar o que quisesse das suas cassetes. Confesso que desgravei várias até que me deparei com 2 cassetes de música do David Bowie, nome que para mim era um como outro qualquer no universo das gavetas da aparelhagem. Só que quando ouvi um pouco antes de desgravar houve algo que me despertou interesse e continuei a ouvir. Penso que se no início me perguntassem se gostava do que estava a ouvir teria respondido que não sabia. Acho que foram precisas algumas audições até decretar que gostava mesmo daquelas duas cassetes e daí até ouvi-las em modo repeat demorou muito pouco tempo. Lembro-me que era algo só meu, porque com aquela idade as minhas amigas ouviam outras coisas e tinha a sensação que aquilo era música que as pessoas mais velhas ouviriam em França, que foi onde os meus pais tinham gravado as cassetes, algures nos inícios dos anos 80. Sem a informação que temos hoje, e eu não gostanto muito de perder tempo a ver programas de música na TV, achava que o Bowie era algo só meu. Um tesouro encontrado nas gavetas da aparelhagem dos meus Pais. Não me lembro quando percebi que muitas mais pessoas conheciam e gostavam do Bowie. Sei que fiquei surpreendida e que mesmo assim guardei essa minha paixão pelo Bowie para mim. Saber que deixou este mundo leva-me novamente para os meus 13 anos, sentada à frente das gavetas da aparelhagem e acho que essa menina está triste, com uma lágrima a cair-lhe pela cara abaixo.  

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