O I tem uma personalidade muito forte, decidida, a frisar a teimosia, o que o leva a fazer o que lhe apetece apesar das minhas indicações (ordens) em contrário. Não são coisas muito graves e preocupantes, mas são aqueles pequenos detalhes que moêm t-o-d-o-s os dias.
Eu, por minha vez, levo muito a sério esta coisa de educar filhos e de mantê-los no caminho certo em todas as latitudes.
Ontem eu estava naqueles dias com a paciência no limite, após ter conseguido à justa travar uma enxaqueca à tarde, e decidi que não ia deixar passar aquelas embirrices típicas de final de dia. Digamos que o caminho para casa foi uma sucessão de pedidos e exigências algo intransigentes do I, com as minhas respectivas negas e sermões. Cheguei ao ponto em que cada passo mal dado, e com a reacção não desejada à minha chamada de atenção, resultou em "5-minutos-a-pensar-no-assunto", que somados chegaram a 15 minutos sentados à chegada a casa com um caderno para escrever as razões dos sucessivos castigos e o que deveria ter sido o comportamento correcto em cada uma delas - ou seja, pedia-se um mea culpa.
O I sentou-se e não saiu do sítio, mas moeu-me o juízo com queixas e argumentações. Estava a iniciar os preparativos para o jantar, mas parei, inspirei fundo e juntei-me a ele - íamos ter uma conversa séria. O jantar ia ter de esperar. Foram 35 minutos (aiii!!!!), sim, 35 minutos a controlar-me ao máximo, com o I a passar por todas aquelas fases lindas do grito, do choro, da lamuria do coitadinho, das críticas ao "monstro-de-mãe" que tem. Digo-vos que foi preciso um autocontrole daqueles, colocar em prática todos os tipos de respirações possíveis e imaginárias, contar até 10 muitas vezes. Mas tinha uma ladainha na minha cabeça (e sobretudo no coração) em loop: "É mesmo isto que uma Mãe tem o dever de fazer. Tem de contrariar, tem de educar, mesmo quando doí, quando a criança parece não estar a perceber e quando parecemos aos olhos dos nossos filhos os seres mais odiosos do mundo. Vou ter de levar isto até ao fim.". No final ele foi a correr fazer os TPC e eu fui fazer o jantar. O resto da noite foi muito pacífica, mas eu fiquei com os nervos em franja, desgastada. Mas quando fui deitar o I e trocámos beijinhos e abraços tive direito a um abraço mais demorado e apertado com um desculpa no final e um olhar que vale todos os mea culpa do mundo. Agradeci, reforcei que é normal de vez em quando termos conversas daquelas para nos entendermos, que é assim que ele aprende a crescer para ser uma pessoa melhor - o que todos queremos que ele seja. E que eu tenho a certeza que ele tinha crescido naquele dia. Mais um abraço, mais um beijinho e eu saí do quarto dele já com o coração leve, o desgaste diluído naquele momento de doçura e com a certeza que a minha ladainha é a correcta e fica cada vez mais enraizada no meu coração.
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